sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sala de reconhecimento...

Ao adentrar na sala escura e fria encontrei por trás de um espelho gelado rostos desiguais, pessoas medrosas, ansiosas, audaciosas, algumas até maliciosas, pessoas que me fizeram sorrir e chorar. Não entendi minha presença naquele local apenas fechei os olhos e me concentrei na tua ausência, na tua voz bem perto do meu peito, me concentrei na imensidão vazia do nosso deserto colorido com os oásis que você pintou para me consolar nas noites de inverno.

Concentrei-me no teu sorriso que me faz entender, que me faz calar a boca, que me faz sair do chão, porque me elevas.
Concentrei-me nas lágrimas de felicidade, na necessidade de ouvir teu boa noite pra dormir em paz e não ter pesadelos.
Concentrei-me na insegurança do amanhã, na vontade do perto e do medo que tenho em morrer de hipotermia no inferno.

Logo, um homem alto ao meu lado colocou sua mão áspera em meus ombros e perguntou-me: “Você já o reconheceu, minha filha?”. O fato não era reconhecer, ninguém naquele local tinha nada que realmente quisera de volta.
Meu desejo é outra vez pegar em tuas mãos, sorrir do silêncio e das piadas tolas, e dizer bem baixinho vejo o teu reflexo em meu espelho e só isso em mim me basta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

My Songs